terça-feira, 6 de novembro de 2007

Queda de Avião + 1


IML identifica todos os corpos da tragédia


O Instituto Médico Legal terminou nesta madrugada os trabalhos de identificação das vítimas do acidente com um avião bimotor Learjet, que caiu na tarde deste domingo na Casa Verde, zona norte da capital, logo após decolar do Campo de Marte. Foram identificados os corpos de Lina Oliveira Fernandes, de 75 anos; Ayres Fernandes, de 54; Rosa Lima, também de 54 anos; Ana Maria Lima Fernandes, 21; Lucas de Souza Soh Júnior, de 20 anos; Luan Vitor de Lima, de apenas 9 meses. Todos eles eram da mesma família e estavam fazendo um churrasco no momento do acidente, por volta das 14h10m. Além deles, foram identificados ainda os corpos do piloto da aeronave Paulo Roberto Montezuma Firmino, de 39 anos, e do co-piloto, Alberto Soares Junior, de 24.Na queda da aeronave, duas outras pessoas ficaram feridas. Cláudia de Lima Fernandes, de 16 anos, irmã de Ana Maria e fila de Rosa e Ayres, teve 30% do corpo queimado. Ela foi transferida nesta madrugada para o Hospital do Servidor Público, mas não corre risco de morte. Além dela, Laís Gonçalves da Silva Coutinho de Mello, de 11 anos, também teve ferimentos, mas deve deixar o Hospital do Mandaqui ainda nesta segunda-feira.Dos 28 desalojados que residiam nas quatro casas interditadas pela Defesa Civil, 10 passaram a noite na casa de parentes e outros 18 foram para um hotel na Barra Funda. A Defesa Civil deve demolir um dos imóveis, que ficou cerca de 80% destruído. Outras duas casas devem ser liberadas após uma vistoria do órgão.


Da Agência O Globo


Garota quer que mãe adote amiga que perdeu a família


Sobrevivente da queda do Learjet na Casa Verde, Laís Gonçalves Coutinho de Melo, de 11 anos, voltou para casa hoje (05) e fez um pedido à mãe: adotar a melhor amiga, Cláudia Fernandes, de 16 - deficiente mental, ela perdeu os pais, a irmã e outros três parentes, teve 30% do corpo queimado e ainda corre risco de vida. "Preciso saber se ela está bem. Estou preocupada porque agora ela só tem a tia."
Calma, Laís passou a tarde dando entrevistas sobre o que aconteceu no número 118 da Rua Bernardino de Sena, depois que um jato entrou de bico na casa da família de Cláudia ontem (04). "Pensei que fosse morrer. (Os bombeiros) passavam em cima de uma tábua e não me ouviam gritar. Achei que não fossem me salvar." Até que Laís berrou: "Ei, tem uma sobrevivente aqui!" E, finalmente, foi ouvida.
Apesar da dimensão do acidente, Laís sofreu ferimentos leves: um corte na boca, outro na testa e escoriações nas pernas e nas costas. E lembra de tudo. "Estava no quarto da Cláudia, com ela. Os outros estavam na cozinha. Não sabia que era um avião. A casa toda tremeu. Parecia um terremoto", disse. "Sei que o pessoal da cozinha morreu na hora e a Cláudia foi arremessada para uma árvore que tinha no quintal. Em cima de mim caíram muitos tijolos e o armário do quarto."



Polícia diz que testemunha viu combustível vazar de jato
Depoimento é de operário que trabalha em obra com visão para aeroporto.Também foram apresentados alguns dos documentos recolhidos da aeronave

De acordo com a delegada Elisabete Sato, da 4ª Seccional, na Zona Norte, uma testemunha viu combustível vazar da asa do jato Learjet 35 momento antes do acidente que matou oito pessoas no último domingo (4). “Estamos nesta primeira fase fazendo as oitivas da vítimas e testemunhas”, explicou a delegada que, na segunda-feira (5) ouviu 17 pessoas e, na manhã desta terça-feira (6), mais quatro. “Uma testemunha disse que viu querosene caindo da asa. Uma outra diz que o barulho do motor era muito forte. E outra, que o jato parecia da esquadrilha da fumaça”, afirmou a delegada. “São pessoas simples, que não tem informações técnicas para saber o que aconteceu, mas estamos trabalhando com os depoimentos”, disse a delegada.

O homem que teria visto combustível vazar da asa da aeronave é um operário que, segundo a delegada, trabalha em uma obra com visão para o Aeroporto Campo de Marte, de onde a aeronave decolou às 14h10. “Ele estranhou que a aeronave foi para a direita e depois viu que saía combustível”, afirmou Elisabete.

O coronel da Aeronáutica Wagner Cyrillo deu uma possível explicação para o que o operário diz ter visto. “Pode ter sido um rastro causado pela condensação da água em um dia úmido. Ainda não temos como avaliar”, afirmou.

Documentos
No fim da manhã desta terça-feira (6), a polícia apresentou alguns dos documentos recolhidos da aeronave. Entre os materiais que serão encaminhados ao Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) estão comprovantes de que a manutenção da aeronave foi feita recentemente.

Há um certificado de que a Inspeção Anual de Manutenção (IAM) e os testes de 400 horas de uso de motores foram feitos de 15 a 24 de outubro de 2007 pela empresa ABC Táxi Aéreo, de Uberlândia. “Teoricamente está tudo em ordem, mas é prematuro tirarmos qualquer conclusão sobre o que motivou o acidente”, disse a delegada. A análise dos dados técnicos da aeronave está sendo feita por um perito do Instituto de Criminalística (IC) da Polícia Civil e pelo Cenipa. “Tudo está muito insipiente, ainda não dá para saber se foi falha mecânica”, afirmou o coronel. O Learjet 35 foi fabricado em 1981 e, segundo a delegada, está registrado em nome da Texdar Trillogy Holding Limited e estaria arrendado à Reali Táxi Aéreo

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